quarta-feira, 28 de novembro de 2012

o maracujá doce

                                                                                                                                                                                         
                                       

                            o maracujá doce


Tem gente que diz que as flores do maracujá doce são as mais lindas da natureza. Eleição difícil de definir, essa, mas certamente a planta como um todo é muito bonita e decorativa. Na espécie Passiflora alata as flores são super perfumadas e chegam a medir 14 cm de diâmetro. As sépalas e pétalas, quase escandalosas, são coloridas com uma interessante mistura de vermelho, amarelo e roxo zebradinho com branco, e esse show de cores e formas atrai um exército de mamangavas - aqueles besourões grandes, pretos, que na verdade são uma espécie de abelha -, responsáveis por polinizá-las para que produzam frutos.


As folhas são grandes e têm a forma de um coração gordo, por isso é bem fácil diferenciá-las das folhas do maracujá azedo, aquele comum, fácil de encontrar no supermercado, que tem folhas divididas em três partes.

E os frutos, quando estão bem alaranjados, ainda mais maduros que o da foto abaixo, são facilmente confundidos com o mamão papaya. A propósito, essa planta nasceu de um maracujá doce que comprei no supermercado, há cerca de um ano e meio, depois de achar que estava em frente à banca de mamões. Na primeira olhada a gente se confunde, mas por ser mais leve e muito perfumado, o fruto logo se entrega.


Aqui no sítio tem sido difícil chegar antes dos bichos. Mal os frutos começam a ganhar um amarelinho na casca, já vem alguém roubar, sorrateiro e misterioso. O maracujá desaparece de um dia para o outro e a gente nem vê, só fica aquela sensação de "mas não tinha um quase maduro aqui?".

Quando o ladrão bobeia e deixa para trás um fruto começado, resta analisar as pistas: pelas marcas deixadas na casca, deve ser pássaro ou gambá.


No livro Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas, Harri Lorenzi descreve mais de 22 espécies de maracujá. Tem doce, tem azedo, tem grande, pequeno, amarelo, vermelho, verde, roxo... tem até um que parece uma mini melancia, de casca verde rajadinha de branco. E não é só por fora que eles variam, não. A maioria tem as sementes pretas envoltas em mucilagem amarela, mas tem até um (Passiflora caerulea) de miolo vermelho, lindo!

Todos são nativos do Brasil, encontrados na natureza nas regiões mais variadas: restingas litorâneas (os terrenos arenosos próximos ao mar), Mata Atlantica (desde a Bahia até o Rio Grande do Sul), região amazônica, capoeiras do Pantanal, matas ciliares e até no cerrado do Tocantins. Cada região tem sua própria espécie de maracujá, e suas características climáticas tão diferentes são responsáveis por tantas nuances de cores e sabores.

Os frutos variam de cor e formato, as flores variam de cor e perfume, mas uma coisa é sempre a mesma: todas as espécies são trepadeiras herbáceas (de caules verdes e macios) e possuem gavinhas, esses pequenos bracinhos finos que parecem ter vontade própria e, quando não estão exercendo sua função de amarrar, desenham lindas esculturas suspensas no ar.








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